Uma vez que decidimos fazer as pazes com nossas vidas e dedicar-nos inteiramente à auto-aceitação, temos de parar de atribuir a culpa — até mesmo a Deus, ou seja lá qual for a denominação que dermos a essa energia.
Mesmo que tenhamos sido sacrificados da pior maneira, ainda somos responsáveis pelo que fazemos com essa experiência. Isso geralmente exige, em primeiro lugar, a exploração e o domínio de todos os sentimento envolvidos, incluindo a raiva, o medo e a impotência.
Nem sempre pode ser importante identificar quem fez o quê para quem, quando e por quê, mas é muito importante reconhecer e dominar os sentimentos que nos mantêm presos a uma impotência de vítima e à raiva reprimida. Em alguns momentos, temos de decidir o que vamos fazer com esses sentimentos, uma vez que os identificamos. Conheci pessoas que passaram anos fazendo terapia e que eram capazes de articular trinta razões para o seu ódio, e ainda assim se mantinham presas a esse ódio.
Porém, as boas terapias nos ajudam, primeiro, a identificar, depois a dominar, compreender e assumir a responsabilidade pelas nossas reações. Somos gradualmente levados à verdadeira transformação de energia lidando com as questões pessoais. Sabemos que os sentimentos se encaminham para a saída quando não há carga emocional em nenhum sentido — o sentimento é neutro.
Até há pouco tempo, a maioria dos psicólogos têm sido muito cuidadosos em deixar de lado tudo o que diz respeito ao espírito ou pelo menos tentaram fazê-lo. Eles são cautelosos em considerar as influências das vidas passadas em seus pacientes.
Eu compreendo isso, depois de ter lidado com pessoas que estão claramente bloqueadas em seu eu emocional e que tentam evitar o confronto com a dor por meio
de uma cortina de fumaça que consiste num discurso ambíguo a respeito do espírito.
Talvez os terapeutas cuidadosos, como eu sou, já tenham encontrado Marias Madalenas ou sacerdotes egípcios demais. Eu ainda me pergunto quem eram os sapateiros e cozinheiros em todas essas civilizações antigas.
Hoje, porém, mais e mais terapeutas estão percebendo que é efetivamente impossível trabalhar sem lidar com as próprias crenças espirituais e com as do cliente.
Conheço muitos que empregam o conceito de “vidas passadas” como um instrumento para se aprofundar no recôndito da psique das pessoas, onde se misturam as águas da mente, do espírito, da emoção e da imaginação. É claro que, se há uma situação crítica no eu emocional, é lá que a cura precisa ocorrer. Mas, para a terapia que visa, em última análise, à totalidade e à auto-realização, não se pode separar o espírito das pessoas de suas emoções ou do seu corpo, assim como não se pode separar o sangue de um organismo vivo.
As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 108