Meditação: o lugar da conexão interior

Para todo aquele que busca sintonia com o ser espiritual, a meditação de algum tipo é essencial. A meditação é, freqüentemente, caracterizada como ouvir a Deus, enquanto rezar é falar com Deus. Durante a meditação, a percepção se desloca da preocupação com as ondas de superfície agitadas de nossas vidas para o ritmo e as correntezas mais profundas que se movimentam dentro de nós, conduzindo-nos gradualmente àquele lugar de conexão com toda a vida.

A meditação não está relacionada com o ver imagens e ouvir vozes; raramente é um espetáculo de luz e poder. A meditação sintoniza o nosso eu exterior com o nosso eu interior de maneira que possamos perceber conscientemente o modo como Deus fala conosco em todas as coisas. Como disse certa vez Paramahansa Yogananda: “O homem sábio compreende que, embora a vida mortal seja um sonho, ela contém as dores do sonho. Ele adota métodos científicos para despertar do sonho.” A meditação é um método científico.
Há dezenas de técnicas que se desenvolveram a partir das dezenas de abordagens da ciência espiritual. Se você ainda não medita, sugiro que procure o método que mais se adapta a você. Lembre-se de que a lei de atração vigora sempre.
Se quiser sinceramente encontrar os métodos certos para você, modele esse desejo no seu coração, na sua mente e na sua intenção. Se você tiver clareza a respeito do seu pedido, vai receber notícias de algum grupo, ou o livro certo cairá nas suas mãos.
Uma vez encontradas as técnicas que funcionam para você, agarre-se a elas.
Seu subconsciente vai começar a cooperar e a apoiá-lo, se você for persistente.
Lembre-se: você não está procurando alguma coisa fora de você. Como observou certa vez o místico Thomas Merton: “Nós temos aquilo que procuramos. O que procuramos está disponível o tempo todo e, se lhe dermos tempo, ele se revelará para nós.”
Através da meditação, você acaba compreendendo que, de fato, está “no mundo mas não pertence a ele”. Sua encarnação vai passar, mas você — o verdadeiro você, o você que é feito à imagem de Deus, o você que está em união com toda a vida — você não vai passar. Quando você sabe que não é os papéis que desempenha, ocorre um fenômeno interessante: você começa a representá-los com mais amor e habilidade. Seu espírito, com certeza, é “celestial”, mas a sua tarefa é o planeta Terra. E nós precisamos de você.
Não damos menos valor ao mundo porque vemos sua natureza transitória. Ao contrário, acabamos dando mais valor a ele, mas de um modo diferente — como expressão sagrada da vida. Uma floresta tropical destruída não é apenas mais uma estatística ecológica terrível — é uma catedral sendo profanada. Lobos e tigres, garças e baleias não são apenas espécies inferiores, cujo valor pode ser debatido com arrogância, mas participantes valiosos da vida na Terra. E a diversidade extravagante da criatividade humana não deve ser temida; ela deve ser celebrada, protegida, honrada.
A questão então não é como salvar o mundo, mas como se pôr a seu serviço. Tenho uma amiga que diz que estava preocupada em salvar o mundo e entrou em meditação. Em suas palavras: “Deus disse para mim: apenas ensine as pessoas que eu vou mandar para você; eu vou salvar o mundo.”
No início de nossa jornada espiritual, pensamos que queremos apenas terminar o que temos de fazer e ir embora. Mas, quando terminamos, estamos tão repletos de amor que não pensamos em partir enquanto pudermos ser úteis àqueles que ainda estão na escuridão. É uma espécie de catch-22 cósmico. Naturalmente — vinte e dois é um número de comando.  Conta a história que Abraham Lincoln deu ordem ao condutor da sua charrete para parar, a fim de que ele pudesse remover um espinho do pé de um porco que viu mancando na estrada. O condutor ficou muito impressionado, mas Lincoln lhe disse: “O espinho estava no meu coração.”
Durante este período intenso de purificação na Terra, temos de aprender a pôr em uso com muito cuidado o nosso compromisso. Nenhuma tradição espiritual sugere que sejamos ingênuos. Meu amigo indiano me diz: “Caminhe nos seus próprios mocassins.” Os habitantes do Oriente Médio sugerem: “Confie em Deus mas amarre o seu camelo.” E a Bíblia nos adverte para sermos “cuidadosos como a serpente e inofensivos como a pomba”.
Alguns dos devotos de Yogananda costumavam resistir ao seu conselho de trancar os carros quando assistiam aos serviços religiosos no Centro de Auto-conscientização de Los Angeles. Uma noite, todos os carros do estacionamento foram roubados e todos se queixaram a Yogananda. Eles protestavam: “Como pôde acontecer isso?” E a resposta dele: “Nem toda pessoa sabe que é Deus.”
Um mestre ensinava a todos os animais da selva a não serem violentos. A cobra, corajosamente, tentava ser consciente e levar o conselho a sério. Quando os outros animais perceberam que a cobra não era violenta, começaram a maltratá-la. A pobrezinha voltou ao Mestre toda machucada e dolorida. “Eu não compreendo, Mestre. Realmente, deixei de lado a violência como o senhor disse e veja só o que aconteceu comigo.” A isso, o Mestre respondeu: “Eu lhe disse para parar de morder; não para parar de silvar.” É preciso muito equilíbrio para criar um meio ambiente com novas possibilidades. É preciso ter paciência para redirecionar as forças que reavivaram os antigos caminhos do nosso cérebro com relação à guerra e à competição e quanto a encarar “o outro” como inimigo. É preciso equilíbrio para permanecer, como alguém disse um dia, “tão firme como uma gaivota na tempestade” durante a confusão da mudança no planeta.

As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 210

Foto: Roshnii

2 respostas para “Meditação: o lugar da conexão interior”

  1. Gosti deste texto Flávia, principalmente a parte em que fala que temos que achar o nosso método de meditação.
    As vezes para você é melhor de um jeito e para eu outro.
    Beijos
    Ana

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