Já mencionei várias vezes nesse Blog o quanto gosto e admiro o Luiz Gasparetto, não? E eis mais uma oportunidade para elogiá-lo que não deixarei escapar, pois algo que aconteceu comigo nessa semana me remeteu a pensar mais profundamente na seguinte “doença” do Ser- Humano: o “vitimismo”.
Convido-o a acompanharmos o desenvolvimento desse conceito junto ao “Mestre Gaspa”, que tal? Convido-o a essa “viagem” que parte do nosso interior e termina em nós mesmos, já que não existe “exterior”, não é mesmo? Assim, poderemos aproveitá-la em cada instante, a cada novo percurso. O meu se deu dessa forma…
Há alguns meses fomos a uma das palestras do Gasparetto no Espaço Vida e Consciência, cujo tema eram as “Forças Guias” e, confesso, foi uma verdadeira “saga” sair da minha cidade e conseguir chegar lá antes do intervalo do evento (ou seja, com mais de uma hora de atraso), pois o trânsito da cidade de São Paulo estava completamente parado em função das inúmeras obras de reparos nas pistas por causa das chuvas.
O interessante que notei nesse percurso todo é quanto mais nervosa eu ficava pelo fato de já estarmos atrasados, mais atrasados ficávamos, pois os “desvios” em função das obras pareciam “pular” em nossa frente, nos fazendo pegar caminhos desconhecidos, nos perdendo várias vezes na busca pelo caminho certo.
Prato cheio para o “vitimismo”, não?
Ah, sem dúvida eu embarquei nele por um momento, até perceber que o verdadeiro “caos” se instalara na cidade, pois já não encontrávamos mais caminhos conhecidos e…Pumba! Entendi! Me dei conta finalmente de que muitos dos descaminhos que enfrentávamos, quem os estava criando era eu mesma, com toda a carga de negatividade dos meus pensamentos. Incrível mesmo foi eu ter saído do estado de “vitimismo” e em pouco tempo já começarmos a nos encontrar na “malha de obras” da cidade de São Paulo que conhecemos bem, embora não moremos lá. Simples assim?
Simples assim.
Entre outras coisas na palestra que assistimos, Gasparetto abordou o “vitimismo” como sendo mesmo uma doença que conta ainda com muito apoio da sociedade, incluindo-se nesse amplo rol as pessoas mais intelectualizadas. No entanto, ele explicou que o “vitimismo” nada mais é do que o velho “jogo do coitadinho” em que as pessoas se colocam como vítimas azaradas, chorosas, desanimadas, revoltadas ou invejosas e aqueles mais intelectualizados responsabilizam o Capitalismo pelas inúmeras diferenças sociais existentes.
E eu, que também era extremamente “socialista” e acreditava nesse “dogmatismo” todo, mudei minha perspectiva em relação ao assunto….não é bem assim não. Será que você mudará a sua? Senão, vejamos.
Gasparetto tem uma máxima ótima que diz o seguinte: você está onde se põe. Você está onde se colocou, então depende de você mudar o que está ruim e preservar o que está bom na sua vida.Ninguém fará isso, a não ser você mesmo.
Se você já chorou o suficiente, já se revoltou o suficiente, já viveu o suficiente como “vítima” e se cansou desse papel, pode já estar chegando no ponto certo para perceber que temos muito mais poderes do que pensávamos para fazer as coisas acontecerem. Estando conscientes ou inconscientes em relação às nossas escolhas passadas, o que estamos vivendo é fruto das nossas escolhas…com o diferencial positivo de que sempre podemos escolher a todo minuto! Estamos escolhendo o tempo todo! Preste atenção!
Você está exatamente onde se colocou, não há lugar algum para o “vitimismo”.
Mas Gasparetto avisa que, de acordo com os estudos, são muito poucas as pessoas que assumem seu lado “vítima”, seu lado “coitadinho”, aprendendo que tal “lado” existe em função, principalmente, do sentimento de inferioridade que elas cultivaram em virtude de terem sido crianças muito “mimadas” e esperarem que todos as tratassem como verdadeiras “rainhas” na Terra…E uma vez não atendidas em seus mínimos desejos, essas pessoas choram, se enfurecem e juram vingança aos seus ofensores. Tornam-se pessoas eternamente magoadas, que não querem cooperar com a vida e pensam somente em reparar o dano sofrido pela sua “criança ferida”, refletindo esse comportamento em todas as suas relações.
E a sociedade em muito acoberta pessoas assim, atribuindo-lhes outro nome: são as “pessoas complicadas”, que se sacrificaram muito pelos seus feitos e gostam de exibir aos outros suas medalhas, suas “feridas de guerra”, pois para elas a vida se parece mesmo com um combate. Evitam terminantemente encarar a vida de outra forma, a pretexto de não serem pessoas “irresponsáveis” ou “inconsequentes”, temendo atrair para si mais sofrimentos futuros. São os verdadeiros “gladiadores” do dia-a-dia, vivendo sua vida preocupados, deprimidos, estafados, carrancudos, envelhecidos precocemente em seu discursos mórbidos e pessimistas.
São, de fato, pessoas muitas vezes arrogantes que se põem como adversárias da vida, a quem a vida só responde com mais adversidades em relação às regras que elas mesmos criaram de acordo com sua pálida visão de mundo, ao mesmo tempo em que criam para si também o criticismo, a revolta, o medo de viver, a vergonha, as faltas, a angústia, os complexos de inferioridade, o desgosto e o vitimismo, já que não estão dispostas a aceitar outra realidade mais positiva.
Gasparetto explicou ainda que pessoas arrogantes como tais são verdadeiramente “ingênuas”, pois fazem uso da forma verbal “deveria” como se fosse ela dotada de “poderes mágicos” que pudessem transformar todas a suas ideias egocentradas em Leis Universais. Assim, quando percebem que as coisas não acontecem da forma como, para elas, “deveriam” acontecer, essas pessoas se decepcionam, se magoam, se fecham para a vida e se acham no direito de rejeitar tudo que não corra de acordo com os seus padrões fantasiosos. Por isso a vida também as rejeita.
E a pergunta fatal é: Será que este não é o seu caso?
Você não está se aceitando, está se rejeitando por não ser como sua imaginação fantasiou que deveria ser?
Se você estiver percebendo que as pessoas o rejeitam ou que boas oportunidades escapam do seu cotidiano, pode ser que o seu caso seja mesmo a arrogância.
É muito difícil mesmo a gente aceitar isso, temos que nos embrenhar nessa viagem solitária em busca do que somos, em busca do nosso Eu-Interior, desprezando muitas vezes o Ego que cria toda forma de arrogância para nos proteger, muitas vezes, do que acreditamos estar nos machucando.
Mas vamos combinar: nós estamos onde nos colocamos. Nós é que atraimos as coisas que nos acontecem.
Você já aceitou tudo o que lhe aconteceu como criação sua ou continua empoderando o seu “vitimismo”?
Pense nisso.
Flávia Criss (Mar/2010).
muito obrigada!!!!
eu precisava ler essas palavras….
Que bom ter tido a sua visita então! Tudo de bom pra você 😉
Muito interessante seu texto, estou passando por uma situação difícil em que a pessoa em que eu amo sofre de vitimismo . Apos ler o texto , vi o que passa na cabeça de uma pessoa que tem esse transtorno.
Parabéns pelo texto