Sobre o Medo e as Palavras

Estava lendo o livro de Marcos Witt (Dile Adiós a Tus Temores, Atria Books, 2007) e alguns pontos nessa obra realmente me tocaram, pois envolvem a linguagem e a realidade que ela cria em situações relacionadas ao  medo.

Por exemplo, se temos como costume sentir medo cotidianamente, poderemos perceber que temos a palavra em questão bem disposta em nosso vocabulário, quase que pendurada bem na ponta da nossa língua, já repararam? Senão, vejamos:

É muito comum ouvirmos as pessoas dizerem coisas como: Tenho medo que meu filho não consiga se desenvolver. Tenho medo que o meu marido esteja me traindo. Tenho medo de não conseguir ser promovida em meu trabalho. Tenho medo de nunca conseguir pagar essa dívida.Tenho medo de não conseguir sair desse vício. Tenho medo de nunca conseguir sair dessa pobreza em que vivemos. Tenho medo de perder o emprego.

Tenho medo…tenho medo.

Assim, o autor avisa que para mudar a realidade a nossa volta em relação a esses milhares de “temores”, temos realmente que mudar nosso vocabulário e extirpar a tal palavrinha do nosso “Aurélio” pessoal, pois as palavras são mesmo poderosas, já não há muitas dúvidas a respeito disso….e quando dizemos algo como tenho medo que…, a estaca do temor mais profundo se afunda em nosso coração. Cada vez que damos espaço em nossas frases para essa palavra, cada vez que a pronunciamos, estamos afirmando-a, dando a ela cobertura de forma que o medo prontamente se re-estabeleça continuamente em nossas vidas, nas situações que vivenciamos.

Querem outro exemplo?

Todos nos lembramos bem (a maioria de nós brasileiros, pelo menos, que deve ter tido grande contato  com o Cristianismo) da história bíblica de Jó, o “Rei da Paciência”. Ele, que era um homem muito rico, um belo dia perdeu tudo: casa, família, terras, bens, riquezas, tudo, tudo. E desde o primeiro dia Jó dizia (segundo o autor, já que eu não sou muito boa em assuntos bíblicos): “Pois  o temor que me espantava chegou a mim e me aconteceu o que eu mais temia” (Jó, 3:25).

Ou seja, é bastante provável que no vocabulário diário de Jó estivesse destacado em primeiro lugar o temor de perder tudo o que possuía, ou de vir abaixo todo o império que construíra. O medo existia em seu vocabulário cotidianamente. Assim, quando lhe veio a perda, ele não deve ter realmente ficado surpreso, pois a havia temido por toda sua vida, fortalecendo-a, fazendo com que ela se estabelecesse finalmente.

Este exemplo mostra a razão de precisarmos  estar mais conscientes a respeito do que proferimos. Para o autor, a nossa jornada rumo a uma vida plena, sem medo, inicia-se assim: ao mudarmos o nosso modo de falar.

Vamos fazer uma auto-análise honesta? Comecemos por nos fazer as seguintes perguntas:

Existe medo no meu vocabulário?

Eu faço declarações de temor em minhas conversas diárias?

Minhas palavras são de angústia e pesar, muitas vezes?

É por aí que deveremos começar.

Vamos começar hoje mesmo a mudar nosso vocabulário?

A mudança de vocabulário, segundo Witt, nos leva a uma mudança de mentalidade, à mudança de pensamentos de derrota do tipo “o medo pode me vencer” ou “o medo vai me destruir” para outros mais vencedores.

Em suma, como diz o autor, é só a partir do melhor conhecimento de nossos temores que poderemos derrotá-los.

Flávia Criss, Abr/2010.

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