Uma das muitas maneiras que temos de gerar desencanto, infelicidade e julgamentos equivocados é o apego a pensamentos e sentimentos que nos limitam. Não é que o «apego» seja inadequado em si mesmo. Algo perfeitamente apropriado em muitas situações. Por exemplo, nem me ocorreria aconselhar-lhe a não se apegar ao volante do carro que esteja dirigindo ou ao corrimão da escada pela qual sobe.Evidentemente, as conseqüências seriam nefastas.
Mas você se apega alguma vez a um ponto de vista que não lhe convém? Se apega a uma emoção mesmo que não possa fazer nada para a satisfazer, dirigir ou mudar a situação que ela parece provocar? Se apega à tensão ou a ansiedade, uma vez passado já o fato inicial que as produziu? Esta é a forma de apegar-se que analisaremos neste livro.
O que é o contrário de apegar-se? Com certeza «soltar-se». Tanto o apegar-se como o se soltar fazem parte do processo natural da vida. Esta ideia fundamental é a base do Método Sedona. Quem quer que seja que esteja lendo estas palavras, posso assegurar-lhe que já experimentou com freqüência o se soltar, muitas vezes sem ser consciente de que assim corria, e inclusive sem que lhe ensinasse o Método.
Soltar, ou libertar, é uma capacidade natural com a que todos nascemos, mas cujo uso nos vai condicionando à medida que nos fazemos maiores. Onde a maioria de nós estanca é no fato de que não sabemos quando devemos nos soltar e quando apegarmo-nos. E muitos optamos erroneamente pelo segundo, com freqüência em nosso próprio detrimento.
Há uns poucos sinônimos para apegar-se e soltar-se que provavelmente esclarecerão bastante este ponto: fechar e abrir, por exemplo. Quando lançamos uma bola, há que manter a mão fechada ao seu redor durante boa parte do movimento que faz o braço. Mas se não abrimos a mão e soltarmos a bola no momento preciso, esta não chegará a onde queríamos que fosse. Até poderíamos fazer-nos dano. Outros sinônimos são contração e expansão. Para poder respirar, contraímos os pulmões para obrigar a que o ar usado saia, e depois os expandimos, para os encher de novo. Não nos podemos limitar a inspirar para completar o processo respiratório. Também temos que expirar. Tensionar e relaxar os músculos são outro exemplo. Se não pudéssemos fazer ambas as coisas, nossos músculos não funcionariam corretamente, já que muitos deles o fazem em pares opostos.
É interessante notar o componente emocional do apegar-se e do soltar-se, e o grau em que nossos sentimentos afetam a nosso corpo. Já observou que quando alguém está desagradado, muitas vezes prende a respiração? No processo de respirar, se uma pessoa se apega a emoções não resolvidas se pode inibir tanto a inspiração como a expiraçao. A maioria de nós também mantém uma tensão residual nos músculos, que nunca nos deixa relaxarnos por completo. Uma vez mais, são as emoções não resolvidas ou reprimidas as que constituem a base desta restrição. Mas por que nos estancamos? Quando reprimimos nossas emoções, em vez de nos permitir experimentar plenamente nossos sentimentos no momento em que aparecem, aquelas persistem e nos incomodam. Ao evitar nossas emoções, impedimos que fluam através de nós, se transformando ou se dissolvendo, e isto não é bom.
Trecho de O Método Sedona. Prólogo de Jack Canfield. Tradução de Ben. Revisão de Flávia Criss, Jun/2010.