Deus nunca deu um privilégio para poucos selecionados. Você tem o direito inato de experiência direta!

Nossa percepção de nossa liberdade para nos conectarmos diretamente com a Fonte Divina ainda não veio à tona devido à remota usurpação desse poder pelos manda-chuvas e sacerdotes.

Imagine a responsabilidade de zelar pela sobrevivência de toda uma tribo! O xamã tinha de encontrar maneiras de interceder em nosso favor; perguntar o que precisávamos e barganhar com os deuses quanto a nosso lugar no plano natural das coisas.

Se alguma catástrofe ocorresse, a tribo possivelmente perderia a fé em seus poderes e talvez até mesmo o punisse ou o expulsasse. Nenhum sacerdote poderia correr esse risco, então tinha de inventar possíveis e assustadores resultados caso o seu povo não obedecesse a ele. Nosso medo da fúria de Deus nos dias atuais foi marcado na nossa psique desde o
exato começo sombrio. Debaixo das eras do tempo vêm os resíduos desses antigos “corretores de Deus” que escolhem fazer por eles mesmos.
Como o xamã/sacerdote convencia seu povo a deixar alguém morrer por Deus?

Primeiramente, ele usava o poder do medo para provar a necessidade do sacrifício, ou seja, Deus iria ficar furioso e direcionaria as forças da natureza contra todos eles.
Depois, ele os convenceria de que apenas os melhores poderiam ser sacrificados, apenas os sagrados poderiam ser escolhidos, apenas as vítimas poderiam receber privilégios especiais – antes e depois da morte. Esses atos nasceram de táticas desesperadas e sob a pretensão dos todo-poderosos líderes espirituais, para garantir as vidas de sua tribo e a sua própria.
Nesse instante da história humana, a força da censura se consolidou como um atributo de responsabilidade, e com ela veio a precaução de ser acusado.

Como o xamã se protegeu de tal vulnerabilidade? Ele criou modelos de comportamento, regras a serem seguidas que eram designadas para satisfazerem os deuses.
Se algo desse errado, ele poderia colocar a culpa em seu povo por não ter feito exatamente o que havia sido pedido, ou por serem impuros ou indignos de natureza para Deus.

A partir desse momento surgiu um sistema arbitrário para julgar quem era “bom” e quem “não era bom” aos olhos de Deus e do xamã. Praticamente, todas as religiões principais ainda usam parte dessa censura para culpar e fazer um repertório de forma indigna.
Não são essas as mesmas táticas utilizadas atualmente para motivar homens-bomba, penitentes e cordeiros de Deus moralmente corretos para engajarem atos desumanos perante um Deus furioso?

Essas armas de persuasão são os mandamentos forjados pelos antigos sacerdotes que nos marcaram com tão profundo desmerecimento e que dificilmente ousaríamos até mesmo sonhar como seria se nós fôssemos os sacerdotes.
A externalização do poder nos deixou com a fraca conclusão de que não somos fortes o bastante para administrarmos
nossa vida sozinhos e que apenas algo ou alguém de fora pode garantir nossa segurança, nossa sobrevivência e até mesmo nossa escolha de usarmos nossas habilidades humanas.

Nesse momento decisivo de nossa evolução psicogenética, criamos mundos internos e externos. Formamos a ilusão de forças separadas e começamos a ver a realidade de uma perspectiva vertical, um sistema hierárquico do mais alto ao mais baixo, e com base nessas colocações de valor, inserimo-nos dentro de estruturas de poder – bem abaixo daqueles que podem sussurrar para Deus.
A palavra “poder” evoca reações emocionais fervorosas em todos nós. Em um momento poderia carregar a energia
do orgulho. Em outro, da vingança, do controle ou do medo.
Quando chegam a Deus, certamente medo e fúria são as associações mais prevalecentes que congelam nossa liberdade
para mudar e evoluir.
O medo é a ferramenta mais poderosa da conformidade – mesmo atualmente. O conceito de que Deus deve ser temido se tornou uma forma de falar sobre alguém como uma pessoa boa de verdade. Em muitas igrejas é dito que “Ele é temente a Deus”, significando que ele é uma pessoa confiável e digna. Nossa hipótese é a de que se você teme a Deus, você não vai fazer nada ilegal – temendo a Deus você satisfaz a Deus.

Infelizmente, sem o desenvolvimento, o questionamento e as experiências, nunca poderemos chegar a conhecer Deus de outras maneiras; maneiras que nos dariam a cura, o ensinamento e a força para evoluirmos cada vez mais próximos de Deus.
Estou certa de que um Deus “todo-poderoso” não necessitaria restaurar a confiança de seu poder por meio das respostas de medo de meros humanos.

Nossos medos eternos de Deus foram desovados nos lagos da manipulação primordial. Era em causa própria naquele tempo, e ainda é atualmente.

 

Chris Griscom, em A Evolução de Deus. Editora Vida & Consciência, 2010.

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