Quando ele começou, era um verdadeiro guerreiro que ansiava pela verdade.
— Devo partir em busca de algo — disse.
Os mais velhos, satisfeitos com o fato de que essa paixão juvenil era controlada, de que sua ambição humana era moderada, entregaram-lhe o mapa secreto. Ele viajou durante muitas estações antes de chegar à Terra Alta. Dia após dia sentava-se na relva, no topo da montanha, com a vida e a respiração suspensas.
Havia apenas o silêncio. Ele não via nada e não ouvia nada. Então, na alvorada do sétimo dia, quando a Lua e o Sol se puseram em equilíbrio, sua busca alcançou um resultado. Do seio da Terra, saiu uma grande ave branca, com as asas banhadas pela luz dourada e aveludada do sol nascente. Ela voou suavemente até uma árvore próxima e cantou uma canção tão bonita que o guerreiro chorou ao ouvi-la, levantando as mãos em sinal de gratidão e de súplica. Sem hesitar, a ave voou até as palmas de suas mãos, estendidas para o alto. Durante muito tempo, eles ficaram juntos, em harmoniosa união. Quando o mensageiro alado contou ao jovem e ansioso guerreiro muitas coisas extraordinárias, o espírito dele se libertou de suas amarras. Então ele se lembrou de seu lar terreno e da tribo que havia deixado. “Eu preciso voltar e contar aos outros”, pensou, e preparou-se para libertar a ave. Mas um pensamento o importunava. E se eles não acreditarem? Vou prender a ave e terão de acreditar.
A grande ave branca não ofereceu nenhuma resistência quando a grande palma da mão do guerreiro se fechou com firmeza. Cheio de regozijo e segurando a fonte de sua revelação, o guerreiro desceu correndo a colina na direção de sua casa, sem perceber o que havia acontecido à ave.
Reuniu o povo em torno de si e contou-lhe as coisas maravilhosas que aprendera com a ave. Então, com orgulho, apresentou o testemunho alado de sua busca. Mas os olhos da ave estavam fixos e vazios. As suaves asas brancas, que antes se arcavam ao alçar vôo, agora estavam planas e sem vida.
As pessoas ficaram intrigadas. Mas elas próprias nunca tinham optado pela busca. Certamente, o guerreiro devia saber das coisas. Sob suas ordens, construíram um templo em homenagem à ave e contaram a história da busca do guerreiro muitas e muitas vezes. Muitos jovens foram inspirados a optar pela busca.
Mas isso foi há muito tempo. O guerreiro não é mais jovem e ambicioso. Ele fica sentado sozinho numa sala poeirenta e sem ar. Dizem que fez para si mesmo uma capa de penas brancas e que, em determinados dias, senta-se diante da ave empalhada e fica esperando que ela fale com ele.
As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 84
Foto: Jerry Oldenettel