Antes de mais nada, como é que você acha que chegou aqui? Mergulhe de cabeça nessa questão sem a rede de segurança das explicações e preconceitos de outra pessoa. Pode ser assustador, mas é necessário, se você quer perscrutar as suas profundezas, pois aquilo que você acredita a respeito de suas origens estabelece os parâmetros primários da sua realidade. Todas as mudanças que você vivencia serão definidas por esses parâmetros.
A necessidade de saber como chegamos aqui parece estar construída na psique. Como é que eu chego até um determinado ventre,com uma combinação genética específica, herdando padrões familiares, psíquicos,fisiológicos e sociológicos que têm um alcance tão longo que acabam desaparecendona história de cada um de nós?
Será que o universo é tão desorganizado que um óvulo e um espermatozóide podem se encontrar, fundir-se e nos enviar numa catapulta para passar noventa anos no planeta Terra sem que possamos emitir uma opinião a respeito? Se é assim, que espécie de Deus decidiria que devemos chegar bem em tempo de um ataque naval com bombas napalm, ou de uma esclerose múltipla, ou de uma violência sexual? Ou mesmo, em tempo de algo que diz respeito à saúde, à riqueza e à felicidade? Será que nós realmente construímos a nossa realidade? Será que existe a graça divina, e, se é assim, o que isso tem que ver com o destino ou as escolhas?
São questões difíceis. Mas as próprias questões, e até mesmo o fato de questionarmos, implicam que, de algum modo, nós sabemos que já existimos antes. Antes do quê? Antes de chegarmos aqui? Como foi que eu cheguei aqui? Para onde irei quando partir? Em primeiro lugar, quem é esse “eu” que faz as perguntas?
Um dos temas dominantes do pensamento humano é o de que voltamos à vida várias e várias vezes até aprendermos a dominar todas as lições que este planeta tem para nos ensinar. A reencarnação como o meio através do qual evoluímos espiritualmente tem sido aceita ao longo dos séculos por santos, sábios e pessoas comuns. No Ocidente, encaramos isso como uma doutrina tipicamente oriental, mas de fato essa sabedoria foi expressa em muitas culturas no mundo todo, dos essênios e gregos antigos aos índios americanos. Muitos cristãos, dos antigos gnósticos aos atuais crentes, acham o conceito de reencarnação não apenas em harmonia com os ensinamentos de Cristo mas amparados por eles.
Como a reencarnação atua
Com as devidas variações das embalagens culturais, a idéia é basicamente a seguinte: já tivemos uma existência em perfeito repouso e equilíbrio na Unidade.
Então fomos expelidos do coração de Deus, carregando conosco a imagem e a centelha interior do nosso criador, com o dom de usar a nossa vontade para escolher e criar como desejarmos.
À medida que usamos essa vontade divina, nós nos tornamos cada vez mais fascinados pelo mundo físico, penetrando cada vez mais fundo na sua densidade. À medida que fomos nos identificando cada vez mais com as nossas criações materiais — com as nossas ilusões — começamos a esquecer quem realmente éramos, tornando-nos seres separados de Deus e dos outros seres. Nossa separação é a nossa dor, e a cura é nada menos que a reunião. Os ensinamentos espiritualistas tradicionais dizem que o modo como essa reunião se realiza é através de vidas sucessivas, nas quais gradualmente nos cansamos das conseqüências de usar o nosso direito inato ao livre-arbítrio para criar dramas passageiros que perpetuam mais sofrimento e separação. Nesse ponto, começamos a fazer uso da nossa vontade para buscar a religação consciente com a Vontade Una. Isso acontece quando descobrimos que realmente nunca estivemos separados; apenas pensávamos que estávamos.
Nunca houve uma época em que o amor e a graça de Deus não estivessem conosco.
Muito daquilo que consideramos como mal é simplesmente ignorância e negação da
Luz.
A reencarnação é o meio através do qual nossa vontade individual se torna consciente de sua verdadeira unidade com a vontade de Deus. As conseqüências de nossas escolhas, ações, pensamentos e desejos durante uma vida são vivenciadas em outras vidas. Esse é o processo de causa e efeito denominado carma. O carma não é um sistema de moralidade de recompensa e castigo. É um princípio da natureza. Tudo aquilo que dizemos, fazemos, pensamos ou sentimos — de positivo ou de negativo — produz uma reação que retornará a nós, mas não necessariamente na mesma vida. Quando as condições são realmente corretas, recebemos de volta aquilo que enviamos. Aquilo que maldizemos fica ligado a nós; aquilo que abençoamos, nós libertamos.
A graça de Deus nos oferece a oportunidade irrestrita de aprender e o potencial sempre presente para transcender o carma. Fazemos isso tornando-nos bem conscientes e nos entregando ao Cristo Universal — ou qualquer outro nome que possamos dar a essa energia — pois a entrega total é o único modo de realizar a reunião e eliminar a série infinita de encarnações.
As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 87