A perda do senso de direção

Uma das razões pelas quais esse período da mudança é tão incômodo é que estamos perdendo o nosso senso de direção. Anos atrás, eu li uma descrição perfeita dessa sensação. O escritor (cujo nome esqueci) dizia que é como se estivéssemos perdido a segurança do meio-fio. Estamos seguindo por uma rua, pela qual decidimos andar, mas estamos bem no meio da rua, eqüidistantes do meio-fio que abandonamos e do meio-fio para onde estamos nos dirigindo.

Quando estamos no velho meio-fio, mesmo que não gostemos dele, ele continua sendo algo familiar. Quando estamos prontos para pisar no novo meio-fio, a sensação de estar quase lá ajuda-nos a ultrapassar o medo do desconhecido. É quando estamos no meio que perdemos o nosso senso de direção. Essa é a parte que mais amedronta na jornada. Quando o tráfego fica pesado, uma parte de nós quer retroceder, a outra quer correr em frente.
Quando eu penso em perder esse senso de direção, lembro-me da terrível desordem psíquica de muitos dos nossos veteranos do Vietnã. Muitos deles acreditavam verdadeiramente que estavam lutando pelo seu país, e que o seu ser abraçara uma causa justa. Essa foi a forma como começaram. Eles se sentiram desafiados pela falta de sentido da guerra, mas foram até o fim, ainda que presos à lutas pessoais torturantes. Mas, quando voltaram ao lar, em vez de encontrar gratidão, apoio e ajuda, foram tratados como leprosos, símbolos vergonhosos tal nossa loucura coletiva. Levou vinte anos para pararmos de torturar os mensageiros do nosso mito de mudança, vinte anos em que os veteranos ficaram deslocados! Embora ainda não tenhamos eliminado o mito do guerreiro, o certo é que, a partir do momento em que começarmos a admitir a nossa ambivalência, poderemos abraçar novamente nossos filhos e assim poderá ter início a prática da cura.
O dr. Ira Progoff remete-nos ao enorme potencial que existe quando estamos no meio do caminho em direção a uma mudança. “Até esse momento, quando o passado já acabou e o futuro ainda não se fez passagem, o ponto médio é um movimento repleto de possibilidades. Corretamente aproveitado, ele se torna semelhante ao núcleo de um furacão, um centro calmo no cerne da vida, um momento de oportunidades livres e incondicionais.”

As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 140

Foto: Muggy

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