Viva o Negativo (primeiro passo)

Eis outra maneira de ver a questão: qualquer emoção que não faça parte da família da alegria é simplesmente negativa, e vem da falta… De uma coisa qualquer.
Ora  pense  no  assunto.  Todas  as  emoções  negativas  que  jamais  sentimos,  por  mais insignificantes ou bem  escondidas, vieram da  falta do que verdadeiramente queremos. Veja por  exemplo,  o  ato  de  culpar.  Culpamos  alguém  ou  alguma  coisa  por  nos  dar  o  que  não queremos, o que não passa da falta do que quer que seja que queremos.
Estamos preocupados por poder perder alguém ou alguma coisa, por isso tememos a ausência –ou a falta – desse alguém ou dessa coisa.
Temos medo do que anda “lá fora”, porque nos falta a sensação de segurança.
Justificamos e racionalizamos, porque nos falta a aprovação de alguém (incluindo a nossa!).
Sentimo-nos  deprimidos  por  não  termos  algo  que  desejamos,  mesmo  que  seja  apenas sentirmo-nos bem.
Sentimo-nos ansiosos, porque nos falta tempo ou os meios para produzir.
Todos os sentimentos negativos do dicionário têm origem na falta. E ainda bem que assim é.

Como?

Sim,  eu  sei  que  isto  soa  estranho.  Mas  como  pode  identificar  aquilo  que  QUER  sem  que primeiro  saiba  aquilo  que  NÃO QUER?  Não  é  possível.  Só  partindo  do  que  não quer  pode  reconhecer o que se quer, o que significa que cada má experiência, cada acontecimento feio, cada momento infeliz, e cada pequena preocupação constitui a oportunidade de uma vida.
Um não querer é uma  chamada para despertar, um apelo para  sair da  toca, embraiar uma nova mudança e atrair a verdadeira vida. Por isso, abençoada seja cada emoção negativa que já  teve  ou  está  a  ter,  por  mais  odiosa  ou  vulgar  que  seja.  Elas  sãos  os  seus  bens  mais preciosos, os seus trampolins para o bem-estar.

É certo que vai ser preciso habituar-se um pouco à  ideia de exultar com algo como o estresse.
Mas  atenção,  se  você  sofre  de  estresse  (e  quem  não  sofre?)  e  o  consegue  admitir  e  sentir, acabou  de  dar  o  primeiro  passo  e  o  maior  na  aprendizagem  de  como  ser  um  criador intencional:

Primeiro Passo: Identifique o que NÃO QUER.

O Sabor Não Importa

Há duas espécies de “não quero”: universais e pessoais, sendo que os universais são os mais comuns e os mais fáceis de reconhecer.

Os não quereres universais são aversões generalizadas, coisas que ninguém no planeta deseja nem  um  pouco,  tais  como  contas  bancárias  a  descoberto,  doenças, maus  relacionamentos, profissões que não nos  realizam,  corpos disformes, baixa auto-estima,  telhados que deixam entrar  água,  carros  avariados,  ser  assaltado,  ser molestado,  ter  um  acidente  terrível,  até mesmo o aquecimento global. Chega, para começar.

Os não quereres pessoais são simplesmente as coisas ligeiramente desagradáveis da vida que nos  incomodam  apenas  a  nós,  e  nem  sempre  aos  outros;  coisas  que  pessoalmente preferiríamos evitar, tal como intervir numa reunião, matar aranhas, coser buracos nas meias do  Júnior,  ou  fazer  parte  do  júri  num  julgamento  sem  fim.  Estes  ocorrem  menos frequentemente que os não quereres universais, pois nós não esperamos que eles aconteçam
muitas vezes, e como tal, eles não acontecem.

Imaginemos, por exemplo, que você está mesmo zangado com o seu chefe (um não querer pessoal). A caminho de casa pára no supermercado e, claro, está a vibrar dessa forma, e coloca-se  na  fila  onde  uma  funcionária  resmungona  o  espera  na  caixa.  Muitos  não  se importariam, mas hoje isso irrita-o particularmente.

Não pára de remoer nela a caminho de casa – durante bem mais de dezesseis segundos – até o ponto em que já pôs os pensamentos em movimento, os sentimentos a fluir, e as vibrações a mexer.

Queixa-se dela ao  jantar durante muito mais de dezesseis segundos,  fazendo o  lindo serviço de transformar essa vibração de não querer numa parte de si. Fala dela no trabalho (grande historia  para  contar  na  sala  do  café)  e  durante  o  almoço  conta  a  sua  saga  ao  seu melhor amigo.  Agora  é  que  você  devia  correr  para  o  abrigo,  pois  a  energia  que  lançou  com  uma focalização  tão especifica transformou-se num bumerangue, e pode apostar que vem na sua direção.

Na noite seguinte, por despeito, decide ir à loja da concorrência. Faz a suas compras, dirige-se à caixa, e adivinhe? Acertou! Eis perante si outra empregada  insensível, magnetizada para a sua experiência pessoal por  toda a atenção que você prestou exatamente àquilo que queria evitar. Pode ficar surpreendido, mas a verdade é que você estava a pedi-las! Obtemos aquilo que vibramos; não há outra regra na vida.

O meu  amigo  Skip,  um  conhecedor  de  boa  comida  e  de  restaurantes,  adora  surpreender  a Muriel, sua mulher, com locais novos e divertidos onde comer. Ele fez-me recentemente rir às gargalhadas  (o  Skip  também  é  um  estudioso  da  criação  intencional)  enquanto  desfiava  a   historia da visita que  tinham  feito a um  lugarzinho  íntimo e pitoresco com vista para o mar. Não faltou nada: luz das velas, um violinista a perambular pelas mesas, até mesmo criados de fraque.

Sentaram-se, pediram o vinho, e enquanto  saboreavam a paisagem da doca, começou uma discussão  nas  suas  costas.  De  início  apenas  sons  abafados,  as  vozes  foram  crescendo  de volume até que cada palavra daquela discussão de namorados lhes ia parar ao meio do seu lugar confortável.

O Skip e a Muriel tentaram, sem sucesso, ignorar o ruído. A coisa piorou tanto, e tão depressa, que  ambos  se  esqueceram  do  que  estava  a  acontecer  às  suas  vibrações.  Embora  não  se tenham  ido  embora,  com  a  sua  energia  a  misturar-se  tão  veloz  e  seguramente  com  as vibrações do casal, seria bem melhor para eles que o tivessem feito.

O Skip começou a resmungar. Pediu ao chefe de mesa que, por favor, acalmasse o casal. Isso não funcionou. Ele passou o resto do jantar irritado e queixou-se a caminho de casa. Quando se foram deitar, resmungavam ambos sobre o assunto. Mas não ficou por ali.

Nas três vezes seguintes que foram jantar fora, o Skip e a Muriel tiveram – por esta ordem – um par conflituoso sentado ao lado deles, uma criança a chorar, e um bêbedo barulhento.

Por fim, perceberam. Tinham andado tão profundamente concentrados no que não queriam, e a fluir tanta energia nesse sentido, que a Lei da Atração andava a fazer horas extraordinárias para  atrair  circunstâncias  vibráteis  comparáveis  para  as  suas  experiências.  Sem  prestar atenção  ao  que  estavam  a  sentir,  tinham  deixado  que  um  pequeno  não querer (um desassossego durante o jantar) se transformasse numa guerra.

Os não quereres pessoais normalmente não são tão graves, pelo menos ao princípio. Eles vêm do  nosso  desejo  inato  de  experimentar  o  que  é  bom  na  vida,  enquanto  os  não quereres universais têm  raízes profundas  e alimentam-se dos medos  e  inseguranças permanentes do ser humano.

Mas não  importa nem um pouco se um não querer é universal ou pessoal,  intenso ou ligeiro, constante ou passageiro. O que interessa é apanha-lo, vê-lo, senti-lo ou fazer o que for necessário para o identificar…e mudar.

O que significa mudar os sentimentos de mal-estar para bem–estar. Depressa.


Esteja Atento

O  truque  para  voar  para  o mundo maravilhoso  do  bem-estar requer  apenas  que  comece  a pensar sobre o que quer em vez de pensar sobre o que não quer.

Uma vez que o que queremos e o que não queremos se confundem tão facilmente, sendo que normalmente vence o que não queremos, eis porque precisamos ter alguma cautela.

Veja, por exemplo, o pensamento “não quero ter de guiar mais este carro velho”. Muito bem,você quer um  carro novo, mas a  sua atenção está no  carro velho. Não  só está a vibrar em harmonia com o seu não querer (guiar o carro velho), o que está a manter à distância o seu querer um carro novo, como  também a sua atenção vai muito provavelmente  fazer com que uma série de coisas não muito agradáveis aconteçam ao seu pobre carro velho. E se por acaso estiver com a atenção focalizada em quanto dinheiro lhe falta para comprar um carro novo ou arrumar o velho, veja como as duas coisas se juntam como abelhas atraídas por mel: o carro velho avaria…e não há dinheiro no banco para o mandar arrumar!

Um  sentimento  forte  como  “não quero ganhar uma multa por  excesso de velocidade” é um convite de vibrações em salva de prata para o policial escondido atrás da árvore que se baba a  pensar  “hei  de  apanhar  este  patife  onde  quer  que  ele  esteja”.  São  as  mesmas  vibrações negativas, por isso se juntam.

Um sentimento forte como “não quero que meu filho se magoe” é um grande prelúdio vibrátil para um acidente.
“Não quero ser roubado.”
“Não quero ficar doente quando ficar velho.”
“Não quero viver desta maneira”.
“Não quero tantos impostos”.
“Não quero cometer um erro”.
“Eu detesto guerras”.

São  tudo  coisas  que você  quer mudar, é  certo,  só  que  a  sua  concentração  inclui-as na  sua vibração. Concentre-se no que não quer, e veja-o tornar-se maior.

Ainda mais  complicado  é,  no  entanto,  quando  dizemos  “quero”, mas  vibramos  “ao  quero”, como nos seguintes casos:
“Quero acabar com esta relação”.
“Quero um emprego onde ganhe mais”.
“Quero o governo fora da minha vida.”
“Quero saldar as dividas”.
“Temos de parar com a destruição das florestas tropicais.”

Onde está a sua atenção?

Em  cada  um  destes  casos,  está  no  que  não  se  quer,  e  não  naquilo  que  se  quer. Se está apenas a ter um pensamento passageiro sobre um não querer, não há problema. Mas se está a dar uma atenção apaixonada a algo que verdadeiramente não quer – mesmo quando julga que é uma coisa que quer – isso acabará por crescer e atingí-lo.

Tranforme-o numa Leve Sensação Calorosa

Obviamente nenhum de nós se está a preparar para se deter e examinar minuciosamente cada pensamento que tenha, para ver se a maldita coisa é um querer ou um não querer.

Enlouqueceríamos  em  cinco minutos.  Não,  não  precisamos  fazer  isso.  Basta  que  prestemos atenção à maneira como um pensamento nos faz sentir.

Se o que está a dizer ou pensar o faz sentir-se como se voasse nos céus em absoluto deleite, você está na onda de um querer (Bandeira Verde).

Se o faz sentir-se como se tivesse acabado de entrar numa nuvem escura e húmida, está na onda de um não querer  (Bandeira Vermelha). Na  realidade, se  lhe provocar qualquer outra sensação  que  não  seja  uma  sensação  calorosa,  é  porque  o  que  está  em  ação  é  um  não querer. Tem de repensar, refrasear, concentrar sua atenção em outra coisa, e voltar a sentir outra vez até ter encontrado uma forma de aconchegar na leve sensação calorosa que é o seu querer, e daí vibrar são e salvo.

Eis um bom exemplo: você diz para si mesmo: “Quero ser  feliz”. É verdade que está a dizer “quero” , mas está a partir da falta daquilo que deseja. Por isso, ao dizer isso, como se sente?
Maravilhosamente? (É duvidoso!) Feliz? (É pouco provável!)

Muito bem, agora você diz: “Quero que a felicidade que tenho agora na minha vida se expanda numa alegria contínua e ilimitada”. Como se sente? Bastante melhor, não é?

“Quero pagar as dívidas.” Não é preciso perguntar como isso faz sentir-se. Em vez disso, diga:  “Quero usar o meu talento de uma forma que me divirta, realize, e que seja verdadeiramente lucrativa.  Sei  que  consigo  isso”.  Ou  “Tenciono  (intenção  de)  criar  mais  tempo  para  me debruçar sobre novos projetos divertidos e rentáveis.”

Ou:  “Sinto-me  vivo  quando  estou  a  ser  criativo.”  A  diferença  de  sentimentos  é  enorme em relação a “Quero livrar-me de…”

Mas  não  se  deixe  apanhar  pelas  palavras  ou  acabará  como  um  pastel  de  nata  ao  avesso. Mantenha-se apenas atento ao que está a sentiiiiir quando diz ou pensa alguma coisa. Depois experimente  com  diferentes  afirmações.  Quando  encontrar  uma  que  lhe  dê  sentimentos maravilhosos de prazer, acabou de se ligar ao seu poder original.

E tenha atenção ao que o fazem sentir as coisas que diz todos os dias, como: “Pois é, eu também estou farto disso.”
“Oh, eu sei, o que está a acontecer é terrível.”
“Esquece, não temos hipóteses”.
“Concordo, ele é um verdadeiro problema.”

Se uma coisa não o  faz sorrir  , se não o  faz sentir um  conforto caloroso dentro de si, é uma vibração negativa e um não querer. Se não se fizer sentir como uma leve sensação calorosa, não o diga, ou dê-lhe uma volta.

Eis as Nossa Opções

Os pensamentos marcados pela consciência social, aqueles que fluem das massas, são na sua grande parte sobre coisas que não queremos. E não vale a pena culpar os outros por esse mar sombrio em que vivemos.

Quantas  vezes  já  falou  sobre  quão  terrível  é  alguma  coisa?  Isso  vai  juntar-se  ao  mar.  E quantos  dos  seus  amigos no  trabalho  se  lamentam  e  queixam  sobre  isto,  aquilo,  ou  aquele outro? Isso vai juntar-se ao mar. “Que diabos, mais uma segunda-feira!” Isso vai juntar-se ao mar. É tudo lixo de vibração baixa. Nós exudamo-lo; nós vivemos nele.

Eis  então  as  nossas  opções:  ou  aprendemos  a  distinguir  uma  vibração  positiva  de  uma vibração negativa e assumimos controle dos nossos quereres sobre os nossos não quereres, ou  ficamos neste mar de  lixo negativo, errando,  tão cegos como  todos os outros, durante o resto  dos  nossos  dias.  Luta,  discórdia,  conflito,  doença,  e  muito  pouca  felicidade  como recompensa.

Palavras duras,  talvez, mas a acompanhá-las vem uma  solução  simples. Nós  tornamo-nos o gerador de pensamento, em vez de sermos o seu  receptor.

Agora estamos perante um  jogo novo,  não  vivendo  segundo  os  caprichos  das  emoções  dos  outros.  Deixamos  de  ser  o passageiro  infortunado  e  vulnerável.  Estamos  ao  volante.  As  forças  exteriores  tornam-se irrelevantes. O passado deixa de ter importância. Abandonamos finalmente o modo acidental.
A nossa vida é, cada vez mais, a que escolhermos.

Lynn Grabhorn, Com licença, sua vida está esperando. pp. 33 a Tradução de João Francisco Carvalhais. Revisão de Flávia Criss, Mai/2010.

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