Oportunidades desiguais

A primeira vez que ouvi a respeito da idéia de reencarnação, quando criança,”compreendi” imediatamente que para mim era verdade. Certamente, a reencarnação dá sentido ao que, de outro modo, não teria sentido. Quando ficamos sabendo de situações aparentemente injustas, assim como vidas produtivas ceifadas por acidente, violência, guerra e doença, ficamos indignados com a falta de justiça em termos
humanos.

Recentemente, li uma sátira anônima que dizia que esperar justiça no planeta Terra apenas porque você é uma boa pessoa é o mesmo que esperar que um touro não o ataque porque você é vegetariano.
Evidentemente, as pessoas não começam a vida com oportunidades iguais. Do ponto de vista humano, a única coisa que uma criança que nasce com AIDS numa aldeia da África tem em comum com uma criança saudável dos subúrbios nos Estados Unidos é que ambas são bebês e dependentes. Ambas as circunstâncias nos oferecem a oportunidade de evoluir coletivamente. Mas essa é a segunda questão. A primeira é: por quê?

A reencarnação explica o aparecimento dos gênios e todas as situações excepcionais. E isso está em harmonia com o que, até o momento, entendemos a respeito da evolução física. Além disso, ela desfaz muitos nós da Sagrada Escritura que, sem esse conceito, nos deixam intrigados. Por exemplo: “Sede perfeitos” parece algo improvável quando encarado pela perspectiva de uma única vida. Mas esta é uma diretiva clara a indicar que a perfeição é o objetivo final.
Talvez tenha chegado o tempo de admitirmos a possibilidade de que a justiça divina e o amor divino não sejam nem remotamente parecidos com aquilo que nós, humanos, pensamos que são. Apesar de todas as contradições, há uma ordem e um propósito em todas as nossas vidas e, se não compreendemos como tudo isso funciona, há uma crescente evidência de que realmente funciona.
Compreender a reencarnação ilumina o conhecimento que vai além da razão. Ademais, propicia uma visão interior dos “fatos” imprevisíveis que trazem exatamente, no momento certo, a experiência certa para nós — essa “mágica” sincrônica — o déjà vu que traz até nós as pessoas certas, que abre e fecha portas e que muda a nossa vida.

O amor cura com o tempo

Esta é a história de uma vida passada de uma mulher ao mesmo tempo muito prática e intuitiva, que se encontrava próxima dos setenta anos de idade. Desde que nasceu, vivenciou o abandono, primeiro por parte da mãe, que morreu quando ela era bem jovem, e logo em seguida pelo pai, que a deu em adoção. Seu casamento com o único homem que amara foi penoso, pois ele passou os últimos vinte anos de sua vida num estado de alcoolismo que a excluía. Enquanto lutava com suas desilusões, ela pagou por isso com sua pouca auto-estima, e não tinha nenhuma noção de ser atraente como mulher. Concluindo que o amor das pessoas não era para ela, começou a mudar procurando compreender a si mesma e o seu relacionamento com Deus. Aprendeu a não ter ressentimentos e perdoar o passado. Regularmente, rezava para concluir as lições desta vida.
Uma noite, encontrando-se à porta principal de um auditório, seu olhar cruzou casualmente com o de um homem que nunca tinha visto antes, um homem que era uns quinze anos mais novo que ela. Aquele único olhar penetrou direto em sua alma.
Ela sentiu que o conhecia intimamente, e a sensação que isso produziu nela foi de desalento. Ela abandonou o local em pranto, mas eles se encontraram novamente nos degraus da escada. Ela decidiu contar-lhe o que lhe havia acontecido. Ele também teve a mesma reação. Isso foi o começo de uma série de conversas que se estenderam por muitos dias e muitas noites.  Ela contou a ele coisas que antes nunca havia contado a ninguém. Ele lhe era mais familiar que todas as pessoas que tinha encontrado na vida. Ela nunca tivera anteriormente a lembrança de uma vida passada, mas, de repente, relembrava exatamente como e quando conhecera aquele homem — como se tornara sua querida esposa e melhor amiga. Nessa existência, ela fora muito amada e estimada. Sem se conhecerem, tanto ele como ela escolheram exatamente a mesma existência,
incluindo o país, a época e as circunstâncias. Essa lembrança fora guardada com muita energia pelos dois.
Com o tempo, eles seguiram caminhos diferentes. Não era o seu carma nesta vida casar-se novamente, nem mesmo ter um envolvimento sexual. Acontece que o sentimento doloroso que ela tinha de não ser atraente foi curado. Como ela sinceramente desejara completar o ciclo, atraiu para si esse lembrete de uma época em que fora muito amada e valorizada, conseguindo, assim, dar vazão à raiva, à dor e ao abandono da sua vida atual.

As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 99

Foto: CommandZed

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