O período de resistência à mudança manifesta-se na energia do ponto morto.
Enquanto o novo reúne forças, o velho soergue-se para um contra-ataque. Nos anos 60, demos grandes passos para a frente no que diz respeito aos direitos civis e programas sociais, só para experimentar o ponto morto de um “retorno aos valores tradicionais” nos anos 80.
O movimento feminista é um exemplo do efeito de ponto morto. Desafiar uma das antigas formas que temos como seres humanos, o mito do patriarcado, é algo que exige nada menos que uma revolução de nossas suposições mais básicas. Da década de sessenta em diante, foram dados saltos visíveis e viáveis à medida que um número cada vez maior de homens e também de mulheres apoiaram a reavaliação da igualdade entre os sexos. As leis mudaram, as escolas tornaram-se mistas, as oportunidades de trabalho para as mulheres aumentaram. O cinema, a televisão, as revistas e a publicidade começaram a nos mostrar mulheres que estavam interessadas em algo mais que em detergentes e em “agarrar um homem”. Centenas de livros e programas de televisão abriram um fórum de debates para examinar minuciosamente as injustiças e oferecer novas opções.
Porém, o tempo todo, a forma do período antigo que caracterizava as mulheres permanece enroscada na nossa consciência coletiva à semelhança de uma serpente, atacando sempre que encontra um lugar vulnerável. Podíamos alterar algumas leis, mas não estávamos conseguindo ir além da “lei” — ERA (Período) — que resolveria as questões da desigualdade de uma vez por todas. Conseguimos ver o surgimento de um novo mito quando, finalmente, algumas de nossas filhas puderam penetrar nos umbrais sagrados das instituições que antes eram destinadas apenas aos homens.
Enquanto isso, um número cada vez maior de nossas filhas eram atacadas na rua. Até mesmo quando colocamos uma mulher no Supremo Tribunal em Washington e cogitamos em outra para vice-presidente, a “feminização da pobreza” tornou-se uma realidade crescente em todo o país. Por um lado, queríamos que nossas garotas tivessem aspirações e realizações; por outro, queríamos que fossem bonitas e jovens para sempre. Nós éramos e somos ambivalentes.
Durante essa mesma passagem, não sabíamos mais o que os homens poderiam ser. Por um lado, o filme Tootsie oferecia-nos uma nova visão sobre o homem e a mulher, e Kramer versus Kramer mostrava-nos um pai sensível. Por outro lado, pagamos milhões de dólares para ver Rambo, e milhares de crianças de dez anos de idade vestiram uniformes militares, usaram granadas e botas e reproduziram o velho mito.
Muitas formas antigas vão morrer nas próximas décadas. No topo da lista dos resultados da evolução encontram-se a repressão, a negação e o mau aproveitamento da energia feminina — o aspecto feminino de Deus. Agora Ela está abrindo caminho através de nossa evolução e está nos dizendo com firmeza que, se quisermos sobreviver, não podemos mais sujar a água, a terra e o céu; não podemos cometer voluntariamente o genocídio de espécies inteiras, escravizar economicamente os membros de nossa própria família ou poupar conhecimento e recursos em benefício de poucos.
Alguns de nós sempre deram ouvidos ao feminino eterno. Mas, nas últimas décadas, muito mais pessoas começaram a fazer isso. Cada vez que mais uma pessoa opta pela cooperação em vez da conquista, o canteiro de toda a nossa sociedade torna-se mais fértil.
As 7 Etapas de Uma Transformação Consciente, p. 142
Foto: Everfalling