Instalação de estratégias

Aprender, em última análise, é instalar novas opções de comportamentos externos e internos, organizados   em  estratégias   que   sirvam  para   atingir   objetivos.  Uma   vez   que   saibamos   o   que queremos, o próximo passo para aprender é instalar as mudanças de forma que possam ser usadas produtivamente.
A forma aparentemente mais comum de aprendizado de estratégias é a tentativa-e-feedback  (nome melhor para tentativa-e-erro): concebemos alguma ação, agimos, observamos os resultados e ajustamos   o   que   for   preciso,   repetindo   isto   até   ter   sucesso.   A   instalação   pode   ocorrer inconscientemente (já nascemos processando feedback).
Ocorre   que   na  maioria   das   vezes,   o   que   precisamos   saber   nos   é   passado   na   forma   de conhecimento,   em  linguagem  comum  e   figuras.  Para   conseguirmos   aplicar   esse   conhecimento, precisamos convertê-lo em habilidade, em processo. Há formas variadas de se fazer isto; o que elas têm em comum é que no fim das contas devemos ser capazes de elaborar comportamentos que possamos executar. Se alguém lê um livro sobre inteligência emocional, só vai obter resultados se souber converter o que leu em comportamentos aplicados a objetivos.
Veremos a seguir algumas estratégias de instalação e reorganização de estratégias (ou seja, meta-estratégias).
Ensaio mental
O   ensaio   mental   consiste   em   usar   a   imaginação   para   conceber   comportamentos, principalmente no canal visual. É como se programar para agir de uma determinada maneira, com a vantagem de que na mente podemos controlar o processo, reduzir ou aumentar o ritmo do tempo e nos anteciparmos a possíveis imprevistos. Na verdade, todo mundo faz ensaio mental, o ponto aqui é   explorar  mais   o   potencial   dessa   capacidade.  Você   vai   encontrar   outros   nomes   para   essa capacidade,   como   “imagística   orientada”   (de   Daniel   Goleman,   da   Inteligência   Emocional), “visualização”,   “visualização criativa”, “mentalização” e possivelmente outros). Antes de ler mais palavras, faça a atividade abaixo.
Atividade 41 – Os pés podem ir além
Providencie giz ou algo que sirva para marcação no chão (até uma linha divisória no piso serve). Mantenha seus pés juntos e alinhados.  Gire um dos pés sobre o calcanhar até seu limite e faça uma marcação do ângulo atingido.
Retorne o pé à posição inicial. Agora, feche os olhos e mentalize o mesmo movimento de giro, só que indo muito além do que fora. Não há limites para a imaginação, portanto, permita que o pé vá muito além do que lhe parece possível.
Abra os olhos e mova o pé como no  início.  Compare o ângulo obtido desta vez com a marca anterior.
Descreva abaixo o que observou.
O ensaio mental pode até ser tão ou mais eficaz que treinamento físico, já que pode ser mais flexível:  a pessoa  tem controle  total  sobre velocidade,   tempo e qualquer variável  que conseguir. Porém, o ensaio mental não substitui a destreza motora mínima. Embora um pianista possa aprender a tocar uma música através do ensaio mental, ele deve estar adequadamente treinado para conseguir comandar   o   corpo   para   fazer   o   que   concebeu,   ou   seja,   as   representações   de   comportamento sincronizadas com o sistema motor.
O ensaio mental tem também as vantagens de permite testar alternativas, antecipar possíveis problemas e avançar sobre limites, dentro das limitações das estratégias pessoais. Quanto mais as relações de causa e efeito internas estiverem conectadas às do mundo concreto, melhores serão os resultados.
Uma aplicação muito útil do ensaio mental é efetuar testes das intervenções feitas. Como o ser humano é complexo e tem a capacidade de escolher, não há como falar em causa e efeitos 100% previsíveis,   é  mais   apropriado  falar   em  ação  e   resultado provável.  Havendo  probabilidades,   é preciso verificar se o resultado desejado  foi  atingido.  Por  isto,   jamais deixe de  testar ,  e caso o resultado não esteja satisfatório, faça os ajustes necessários na estratégia e volte à ação.
“Quando eu examino a mim mesmo e os meus métodos de pensamento, chego à conclusão de que o dom da fantasia significou mais para mim do que meu talento para absorver conhecimentos” (Albert Einstein)
Qual é o limite das aplicações do ensaio mental? Sobre isto, veja a história de Nikola Tesla na atividade abaixo.
Atividade 42 – Leitura: Nikola Tesla
Talvez você não saiba que o nosso sistema de energia elétrica, baseado em corrente alternada, foi possível devido   a  Nikola   Tesla   (1856-1943),   que   descobriu   o   campo  magnético   giratório.  Suas  mais   de   700 invenções incluem desenvolvimentos básicos para o motor eletromagnético, o motor a turbina, transmissão sem  fio e dispositivos de controle remoto.  A primeira usina hidrelétrica, nas Cataratas do Niágara, foi um projeto seu, que venceu o de Thomas Edison, baseado em corrente contínua.
Tudo   isto   foi   possível   devido   a   uma   fenomenal   capacidade   de   usar   a imaginação de uma forma produtiva.
Mas na adolescência, Tesla sofria com o aparecimento de imagens e flashes de luz,   que   interferiam no  seu  pensamento   e na  sua  ação.  Como   ele  próprio contou,  quando ouvia uma palavra,  a  imagem do objeto correspondente se apresentava vividamente,  e ele era  incapaz de distinguir  se o que vira era tangível ou não. Em razão disto, ele se sentia ansioso e desconfortável.
Para se  livrar  dessas atormentadoras  aparições,  ele  tentava concentrar  sua mente em alguma outra coisa que tinha visto, e assim obtinha alívio temporário.
Mas para isto, ele tinha que produzir continuamente novas imagens. Como ele conhecia apenas   sua  casa e as   redondezas,   logo  seu  “estoque”  de novas imagens se exauriu, e o remédio perdeu a força.
Instintivamente,  Tesla começou a  fazer   incursões além dos  limites do seu pequeno mundo virtual,  e viu novas cenas, a princípio obscuras e indistintas, que passavam rapidamente quando ele tentava concentrar sua atenção nelas. Gradativamente ele teve sucesso em fixar as imagens, que ganharam força e definição, até parecerem tão concretas quanto coisas reais. E logo descobriu que se sentia mais confortável quando simplesmente continuava aprofundando a visão,  obtendo novas  impressões   todo o  tempo,   literalmente viajando na sua mente. Nessa jornada ele via novos lugares, cidades e países – vivia lá, conhecia pessoas e fazia amigos e conhecidos, que lhe eram tão caros quanto os da vida real.
Logo Tesla notou que  tinha  também grande  facilidade em conectar  causa e efeito,  e  também que cada pensamento seu era sugerido por uma impressão externa. Esta habilidade de ligar seus processos mentais e seus mapas internos à realidade física, combinada com sua prática em imagens construídas, conduziu-o, na vida adulta, ao sucesso como inventor. Ele não precisava fazer experimentos: concebia, aperfeiçoava e testava suas invenções usando somente a imaginação.
Até hoje suas anotações são estudadas, e se vivesse agora, ainda assim suas idéias estariam à frente do seu tempo.
Atividade 43 – Ginástica mental
Aplique o princípio da atividade anterior nas situações abaixo. Em todos os casos, faça o movimento físico, depois mentalmente, exagerando e desafiando o possível, e novamente o físico, observando as diferenças.
a) Em pé,  com as pernas esticadas e pés separados por  uns vinte centímetros,  dobre o corpo na cintura, mantendo a coluna o mais reta possível, e tente alcançar o chão com as mãos.
b) Em pé, um braço estirado na horizontal, gire a mão deste braço para cima, com o apoio da outra mão. Faça o mesmo com a outra mão.
c) Estire horizontalmente um braço, a mão aberta. Gire o pulso um pouquinho para um lado e para o outro,   repetidamente,   inicialmente   devagar.   Vá   aumentando   a   velocidade   até   o  máximo   que conseguir. Sugestão: ao mentalizar o movimento, e para dar inspiração, imagine perto da mão um beija-flor (ou seu pássaro preferido) em vôo.
d) Agora escolha um movimento corporal que lhe pareça adequado para o exercício e faça o mesmo. Descreva o movimento:
Atividade 44 – Aplicação de ensaio mental para memorização
a) Leia o texto abaixo.
“Às vezes tenho dificuldade em memorizar temporariamente algumas pequenas coisas,  como endereços e recados. Achei uma solução eficaz para isso, uma alternativa ao papel: ao invés de tentar memorizar, imagino o que vai acontecer. Por exemplo, se atendo ao telefone e  devo informar para Maria o nome da pessoa que ligou e o seu ramal, o que vai acontecer é eu dizendo para Maria:  “Maria,  José pediu para você  ligar pra ele,  o ramal é o 1763″.   Imagino
exatamente isto.
Isto funcionou também para endereços, no caso uma quadra, um conjunto e um número de casa, típico de Brasília. Imaginei-me dirigindo e virando ao ver a placa da quadra, virando na entrada do conjunto e localizando a casa. No caso de um local que não conhecia, imaginei  vários  tipos possíveis de placas,   tendo em comum o número em questão.  Acredito que em Brasília essa aplicação seja mais fácil devido aos padrões dos endereços e à boa sinalização,
mas acho que pode ser útil também em outras cidades.
Houve   ainda   outros   tipos   de   situação.   Para   lembrar   de   comprar   algo   depois   do expediente, Imaginei que estava entrando na padaria, por exemplo, e pegando cada item. Para  lembrar uma senha de telefone, imaginei-me discando a dita cuja. Se funcionar ou não para você essa estratégia, escreva para nós e compartilhe as suas Possibilidades.”
b) Experimente cada possibilidade descrita.
Atividade 45 – Explorando possibilidades
Experimente um pouco: imagine à sua frente você mesmo, no ambiente em que está. Ou seja, você está vendo uma imagem dissociada de si mesmo no momento atual.
Imagine que no você do  filme chegam todo  tipo de  luzes. Varie cores e  formas,  dê bastante brilho,   faça luzes entrarem no corpo pela cabeça e saírem pelo pé em um fluxo contínuo e mais o que lhe vier à mente.
“Traga” a imagem para si, isto é, associe-se.
Experimente   outras   variações,   como   alguém   que   admira   transmitindo   as   luzes,   sua   música   mais empolgante tocando ao fundo, você numa fisiologia de “poder”.
Atividade 46 – Projeção de futuro
Um caso particular do ensaio mental é quando ensaiamos comportamentos futuros. Isto é chamado na PNL de “projeção de futuro”. Ensaie mentalmente os seguintes comportamentos, de forma dissociada (vendo um filme) e depois associada (entre no filme ou “traga-o” para si).
a) Pentear o cabelo com a mão contrária à usada habitualmente.
b) Passar páginas de um livro com a outra mão.
c) Escrever com a outra mão.
d) Vestir uma calça pondo primeiro a perna que (provavelmente) nunca fez isto. Faça o mesmo para uma camisa de abotoar.
e) Tomar um banho esfregando com a outra mão.
f) Descreva um (e faça): ______________________________________________
Atividade 47 – Ensaiando um procedimento
Combine o ensaio mental  com a  técnica para a ansiedade acima.   Imagine-se em uma situação em que pode ficar com alguma ansiedade (leve). Ensaie a técnica 3 vezes.

Retirado de Como Expandir Sua Inteligência. Apostila motivacional.p.34

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